A desmoralização do bolão!
Tutty Vasques - Fonte O Estado de S.Paulo
Quando a gente pensa que não há mais conto do vigário que se possa ainda inventar no País, o "erro lamentável" da lotérica de Novo Hamburgo foi um golpe e tanto na boa-fé do apostador. Pode até não ter abalado a devoção do brasileiro à Mega- Sena acumulada, mas atingiu em cheio a credibilidade de uma instituição nacional em ano de Copa do Mundo: o bolão, definitivamente, subiu no telhado.
Nem todo bolão é igual - a brincadeira será bem diferente quando a bola rolar na África do Sul -, mas não há como restabelecer até o meio do ano a confiança no sistema de banca informal, preceito básico nesse tipo de jogo cotizado entre os próprios apostadores. Todo mundo vai pensar duas vezes antes de meter a mão no saco de um colega de trabalho em busca de um número de camisa da seleção para torcer que seu dono em campo seja o autor do primeiro gol do Brasil na Copa. "E se o cara sumir de véspera com a grana?"
Tão grave quanto o trapaceiro em carne e osso, o fantasma do conto do vigário não se esvai com a comprovação de erro humano da funcionária gaúcha da Esquina da Sorte. O Brasil inteiro viveu essa semana assombrado pelo drama dos 40 apostadores que dormiram milionários e ainda não acordaram desse pesadelo. Ninguém vai parar de jogar por causa disso, mas a graça de participar de um bolão nunca mais será a mesma depois daquilo tudo em Novo Hamburgo.
segunda-feira, 1 de março de 2010
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